sábado, 29 de dezembro de 2007

DÊ-SE UM PRESENTE:VIVA O PRESENTE!


Promessas de fim de ano, quem não faz? É o emprego novo que finalmente vai nos realizar, férias merecidas. Sair mais vezes, se divertir mais. Mudar. A lista é longa e bem variada, para todos os gostos e oportunidades...
Parece que tudo conspira para esse clima de euforia e fantasia. Tem décimo-terceiro, a mesa farta, "que tudo se realize", as férias escolares, a nostalgia da infância e as luzes coloridas.
A cada fim-de-ano, entretanto, evitamos pensar nas promessas feitas naquele que passou. Lembrar que fizemos o mesmo apenas um ano atrás. Fugimos da culpa, da sensação de fracasso e incompetência que a constatação que realizamos tão pouco.
As promessas de agora são mais ou menos iguais as do ano que acabou. Têm a mesma consistência da espuma do mar onde se pulam as sete ondas, a fugacidade do brilho dos fogos de artifício. Compõem a euforia obrigatória dos finais de ano, como o panetone e a rabanada. "Pra você tudo em dobro !"
Já no dia seguinte acordamos sabendo que nada foi prometido muito a sério. Acordamos com desânimo, o corpo dolorido. O cansaço incômodo de uma noite mal dormida, ou" nem dormida". A desconfiança de que pagamos algum "mico" ontem. O quê mesmo ?A promessa de um ano melhor já começa com mau-humor e impaciência. A dor de cabeça insiStente do "champanhe que agora borbulha na taça da minha cabeça". Uma irritação com tudo que possa lembrar a alegria de ontem. Um "Engov" antes, um depois?
Não há uma decisão, só o sonho. Não há perspectiva, só a fantasia infantil de fechar os olhos e ver tudo se realizar. E não contamos nem mesmo com a Sorte para realizá-los, aquela SORTE escrita com letras grandes, que fazemos acontecer, que acreditamos possível, que nos julgamos merecedores. Somente aquela outra, acanhada e anêmica: o acaso.Talvez tenhamos sorte de finalmente sermos reconhecidos, de sairmos à rua sem risco de vida eminente, de melhores oportunidades. Um novo amor, um renovado amor antigo. Talvez sim, talvez não. De qualquer forma, talvez.
De concreto, pouco ou nada fazemos. Sequer abrimos os classificados confiantes de encontrar um trabalho prazeroso, nem nos matriculamos naquele curso que vai capacitar para o que gostamos de fazer.A poupança para as férias.Tudo já é promessa do ano passado.Vamos continuar nos sobrecarregando de atividade, para depois nos justificarmos dizendo "não tenho tempo para mim" etc. A vida vai seguir um caminho qualquer, ao sabor do vento.
O problema é que há um espaço de tempo muito largo até o próximo "reveillon". Trocam-se presentes, festeja-se. Mas o presente duradouro, os fogos verdadeiros, e não os de "artifício", já estão conosco neste instante. Será que neste exato momento temos motivo para ser feliz ? Mesmo um motivo "pequeno"?
Tudo que precisamos para termos felicidade já está disponível.Pensamos em felicidade sempre no futuro, às vezes num passado nostálgico.Mas a felicidade só aconteçe e só pode acontecer no momento presente. Não amanhã, ou daqui a dez minutos. Já. E temos em nossas mãos a possibilidade real de torná-la perene. Basta sentir a vibração dentro de si, o amor enchendo as mãos, uma força enorme e sagrada brotando de dentro do peito e se espalhando em todas as direções.
Lembrar que o rio apenas segue seu curso, sem se perguntar sobre o que vem após a curva. Seu caminho não é o mais fácil, nem o mais reto. Apenas vai em frente. E sempre encontra um mar exuberante à sua espera.
Sei que na segunda-feira vençe a fatura do cartão de crédito, o relatório tem de ser revisado, o carro está na oficina e não vai ser entregue etc. Realidade não combina com magia. Mas o que recebemos em troca dessas preocupações? Os problemas ficam mais fáceis? Duvido! Encontramos soluções melhores agora ou na hora em que teriam de ser tomadas?As preocupações nos esgotam porque são apenas OCUPAÇÕES. Está somente antecipando sofrimento, ampliando a importância de situações que somos humanamente capazes de resolver a seu tempo, no tempo certo.
Esqueçamos as promessas, não adiemos mais o prazer de estar vivo. Neste exato momento, dentro de nós pode acontecer o mais importante. Dê-se um presente: viva o presente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sempre as promessas. Elas fazem parte do cerimonial típico dessa época, que inclui os "comes e bebes" e os desejos de paz, saúde, felicidade e etc., estes ditos mais por exigência da ocasião, ditos automaticamente, sem sequer carregarem em si o real desejo do bem alheio. Eu não faço promessas.
Proponho-me a mudar, a tentar agir diferente, mas sem me despersonalizar com isso. O mal das pessoas é que elas falam demais, hehehe. Toda aquela euforia do fim de ano - a qual eu não tenho, pois não vejo o que há de extraordinário na simples passagem de um ano para o outro - acaba causando - infelizmente só por momentos - nas pessoas sentimentos de mudança, de renovação; promessas e desejos de mudarem - a si mesmas e ao mundo - para melhor são firmados. Mas quando passa o efeito da champanha, a balbúrdia de fogos e sorrisos; quando o dia seguinte chega com aquela cara de sempre, vêem que as festas, as comemorações e todo o misticismo do Ano Novo suscitam promessas e desejos que no dia seguinte começam a morrer precocemente.


De qualquer forma, FELIZ ANO NOVO.
 

Nério Júnior disse...

Viver o presente mas não esquecendo de sonhar com o futuro...