domingo, 9 de dezembro de 2007

CONFESSO




Estou cansado.
Dessa solidão acompanhada.
Do frio, no sofá da sala, do porta-retrato vazio
e guardar memórias entre quatro paredes.
De ainda ser tão inseguro e impaciente,

quando já era tempo de maturidade.
De manter o peito queimando, por amar tanto,
e só conhecer o abandono.
De falar de amor às pessoas erradas,

quando era melhor silêncio e solidão.
De me entregar ao desejo
quando é o calor de tua mão que me aqueçe.

Dessa rotina que me consome,
quando viver é o inesperado.
De lembrar tanto do mal que me fizeram,
quando era mais simples o perdão e o esquecimento.

De perder tempo com gente medíocre.
De ver tanta gente estúpida se dando bem.
De ler nos jornais " medo" e " corrupção".
De ouvir alguém falar que " não aguenta mais ", sem nada fazer.
De nunca ter tempo para os amigos
e morrer de saudade.

De viver sem esperança em dias melhores
e acreditar, apesar de tudo, quando dizem " tudo vai passar".
De ter dado ouvidos quando disseram "Deus não tem nada a ver com isso",
quando Ele é que me faz enxergar.
De ser um homem menor a cada dia

quando me prometi grandeza de sentimentos.
De carregar essa dor humana no peito,
quando preciso de mais humana alegria.
De trazer comigo um cansaço tão antigo.
Eu confesso: é hora de reagir.

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